“Relógio de parede VII”
No meu relógio de parede eu vejo a vida,
No movimento dos ponteiros, ir passando...
Chego a ter dó de mim, choro bastante, quando
Tento contê-los, em patética investida.
Em vão, tento arrancar os três do mostrador,
Tento estancar o tempo, à toa, inutilmente...
Chego a xingar, na sala quieta, em meu furor,
Quem foi que fez objeto assim tão resistente.
Então me valho de um martelo!... Finalmente
Me certifico de que a imunda velharia
Não vai mais badalar impune, novamente!...
O meu relógio velho agora é pura escória;
Mas não de todo me livrei de sua anarquia
Seu tique-taque não me sai mais da memória!