30/08/2015





“Mão amiga”




Tu vês aquele bando de infelizes?...
Repara bem, que lá no meio estou...
Quando anoitece, como os outros, vou
Buscar abrigo embaixo das marquises.

Tento dormir e a noite me castiga;
Parece interminável meu revés...
Espero, ansioso, pela mão amiga
Que talvez surja pra cobrir-me os pés

Descalços, doloridos, ao relento...
Que o cobertor em trapos nunca cobre,
Deixando-os à mercê cruel do vento...

... C'os pés gelados, e outra noite em claro,
Triste, constato, que um gesto tão nobre,
No mundo em que vivemos hoje... é raro!

16/08/2015








“Gratidão”











Enamorado, em versos me declaro,
Efusiva, solene, e altivamente...
Hoje, em meus olhos luz um brilho raro,
Vindo das chispas dessa chama ardente...

Que é o amor, aos poucos se instalando,
Como se da alma fosse o proprietário...
(Como um ator mambembe, que chegando,
Ao bel-prazer já monta o seu cenário!...)

Pra que pedir licença?... Eu dizer não?...
Se o seu intuito é sempre o de encantar-me,
Nem cogito coibir essa invasão!...

E externo a minha gratidão, por fim:
"A ti, por seduzir-me com teu charme;
E a Deus, por te fazer tão linda assim!"