“Mão amiga”
Tu vês aquele bando de infelizes?...
Repara bem, que lá no meio estou...
Quando anoitece, como os outros, vou
Buscar abrigo embaixo das marquises.
Tento dormir e a noite me castiga;
Parece interminável meu revés...
Espero, ansioso, pela mão amiga
Que talvez surja pra cobrir-me os pés
Descalços, doloridos, ao relento...
Que o cobertor em trapos nunca cobre,
Deixando-os à mercê cruel do vento...
... C'os pés gelados, e outra noite em claro,
Triste, constato, que um gesto tão nobre,
No mundo em que vivemos hoje... é raro!