28/09/2015



“Antagonismo II



Eu sou quase o poente, e és a alvorada;
Sou quase derrota e tu és a vitória;
Sou quase despedida, e és a chegada;
Tu és o presente, e eu sou quase memória...

Eu sou quase noite, e és dia de sol;
Sou quase disforme, e és rara beleza;
Sou quase entardecer, e és o arrebol;
És convicção, e eu sou quase a incerteza...

Eu sou quase sombra, e és fonte luzente;
Eu sou quase cinza, e és lenho viçoso;
És nívea estrela, e eu sou quase cadente...

Sou quase infortúnio, e és cheia de sorte;
Eu sou quase um traste, e és um bem precioso;
És sopro de vida... e eu sou quase morte!...

10/09/2015






“Nossa vida”



Nossa vida é uma peça, encenada em três atos,
E somos dela a personagem principal...
Sendo que a estréia, tem o dia e hora exatos;
Da temporada... jamais se sabe o final!

O primeiro é sempre o mais festivo dos três:
É o nascimento, é a nossa triunfal estréia...
São nove meses e é chegada a nossa vez
De entrar em cena para o gáudio da platéia!

Depois começa um ato novo, que é o segundo,
Onde se assiste com detalhes toda a trama,
E enquanto mudam os cenários lá no fundo...

E, no terceiro, às vezes repentinamente,
A Morte surge em pleno palco e assim nos chama:
“- Vamos embora!”... E cai o pano à nossa frente!...