28/02/2016


                                           

 


"TROVAS 2"


Dinheiro é o dono do mundo,
E a máxima é conhecida:
Pra se ganhar: uma vida,
Pra se gastar: um segundo!

Pensam que estou “bem na fita”,
Porque ando bem me vestindo;
A lataria é novinha
   Mas o motor tá fundindo!


Belos sapatos no pé,
Um par de meias novinho;
Mas lá no fundo, quietinho,
Quem faz a festa é o chulé!

Esconda os olhos dos meus,
Em toda vez que eu te olhar;
“ – Menina, eu juro por Deus,
Que penso logo em casar!”


O juízo é coisa séria,
Escutem bem o que eu digo:
“ – Quem dele andar na miséria,
Será também um mendigo!”

Esconda os olhos dos meus,
Que teu olhar me apavora;
Se entrar o brilho dos teus,
O meu juízo cai fora!


A minha sogra em Cumbica,
Vai viajar lá pra Itália;
“ – Por que pensei (Freud explica?...),
Numa turbina que falha?...

Alguém me empreste um juízo,
Se é que se empresta pra alguém;
Que ela mandou-me um aviso:
“ – Volto a semana que vem!”

Eu sempre tive juízo,
Calma e também sensatez...
Mas quando vi teu sorriso,
Eu perdi tudo de vez!









TROVAS


“Juízo”




Fosse o juízo um artigo,
Eu comprava um monte assim;
Dava um por cento a um amigo,
Noventa e nove pra mim.

Me lembro quando pirralho,
Eu era à toa e peralta;
Hoje sou velho e trabalho,
Mas o juízo ainda falta.

Eu, se juízo  encontrasse,
Neste país, posto à venda,
Comprava tudo que achasse,
E fazia outra encomenda.

Juízo eu tenho de sobra,
Dentro de mim bem guardado;
E explico pra quem me cobra:
 " – Há tempos não tenho usado.”