“O relógio”
O relógio... Guardião das horas, sentinela,
Que do alto da parede, atento, me vigia,
Às noites por meu sono, diligente vela,
E festivo badala, quando rompe o dia...
Como a lembrar que a vida à luta me conclama,
Ressoa com alarde pela casa afora...
A chama do labor no coração me inflama,
E segue nesse afã, serviçal, de hora em hora...
Ó relógio... Senhor do tempo, nobre engenho...
Por teu empenho e por teu zelo, tão patentes,
Louvar teus feitos, nestes versos simples venho!...
Meu parceiro incansável desde a tenra idade:
Parece que tens alma e que às vezes pressentes
Os tênues laços desta insólita amizade!